Thursday, February 22, 2007

Amigo/a


Deixa ...
... a cada planta a sua forma!
... a cada flor a sua cor!
... a cada essencia o seu perfume!
... a cada homem o seu génio!

Não tenhas por falsos os caminhos fora do teu.

Quão tedioso seria o cenário da flora, se todas as flores fossem rosas, lirios ou cravos. Se houvesse entre os seres de cada familia apenas uma forma anatómica. Se todos os insectos fossem formigas, vespas ou baratas. Se todos os metais fossem ferro, cobre ou ouro. Se todas as pedras precisosas fossem safiras, rubis ou esmeraldas.

Que monótono seria o firmamento, se todas as estrelas fossem do mesmo tamanho e dispostas simetricamente.

Estima o que é teu e tolera o que é dos outros.
Respeita nos outros a liberdade que reclamas para ti mesmo/a

Beleza só existe onde reina a harmonia na diversidade.

Monday, February 19, 2007

E panelas




Agora vivo ao som da melodia que exala do fogão, seus fumos, vapores, cinza e fuligem formam uma nova sinfonia...
Panelas malditas!
Que ódio profundo vos tenho, negrejante bateria culinária...
Panelas, tachos, chaleiras e frigideiras, porque suplantasteis meu lindo violino?

Passou o tempo e então meu ódio por elas morreu.
Convivo convosco, panelas amigas, alguma simpatia por vós já tenho...

Muita coisa morreu dentro de mim e muita coisa nasceu...
Aceitem a minha nova sinfonia...
Mas meu ego...?

Sem ti, meu querido violino, a ele eu renunciei...

Sunday, February 18, 2007

Negativos e Positivos


"Que é isto, fotógrafo desastrado? Compensas com escuros todos os meus claros?...Enches de sombras a claridade das minhas luzes? Porque invertes a ordem natural?"

Assim falava a chapa fotográfica imersa no banho de sais. O fotógrafo sorrindo, permaneceu calado...e agitando o recipiente com o negativo, em silencio ficava. À medida que os claros suplantavam os escuros e os escuros os claros, crescia a revolta do negativo...

"Protesto fotógrafo incompetente! Está tudo errado! Não vês o rosto da bela jovem, é claro e sai preto?!? E os seus olhossão pretos e saem brancos?!? RETRATO ISTO?... Antes parece uma horrível caricatura!!"

E o fotógrafo sempre calado, agitava a solução reveladora, sorrindo...por fim pegou na pelicula e banhou-a no banho fixador...

"É o cúmulo! ... disse o negativo furiosamente... Protesto!"

O fotógrafo sempre sereno e calmo, sorria... passado algum tempo tirou a película de cores invertidas do fixador...ela chorava de raiva, até lhe secarem os olhos...e o fotógrafo sempre calado, colocou por baixo da chapa uma folha de brometo de prata e expô-la à luz uns intantes... eis que na dita folha a aparece uma lindíssima imagem, (o positivo)...semblente jovem, risonho, perfeito. Retrato fiel da formosa jovem.
Calou-se então o negativo e confuso, escondeu-se num canto para sempre ...humilhado

Friday, February 16, 2007

Violino




Violino querido...!
De quantas saudades me encheste a alma...!
Companheiro da minha juventude...
Em tuas cordas afinadas transmitia meus amores e ilusões...
Teus sons sonoros povoavam de sonhos meus anos felizes...
Sobre as asas das tuas melodias visitaram-me Bethoveen, Haendel, Wagner, Bach e Chopin - todos os génios da divina harmonia...
Velho violino, levei-te para o nosso lar...
E ele, nosso novo companheiro escutava nossas sonatas e valsas; escutava sem ouvir...escutava sem sentir...
Cansada e desiludida meu violino procurei.
Há muito fazia parte da decoração...procurei e não o encontrei. Horrorizada soube que passaste a mãos estranhas...
Ai como chorei, jamais te esquecerei...
Muita coisa morreu dentro de mim...

Thursday, February 15, 2007

O Grande anónimo

Deus...quem és tu?
Mil nomes te deram mas até hoje para mim és o grande anónimo.
És indefenível, por isso para mim o grande anónimo.
Se não acerto em dizer o que és pelo menos não digo o que não és.

Dizem que já existias antes do "príncipio", sendo assim és o único ser auto-existente.


És produtor não produzido...a causa única não causada, e assim sendo eu sou uma excepcção do nada...eu semi-existo porque tu pleni-existes.

Eu poderia não existir...e houve infinitas eternidades em que este átomo humano não existia.
Como é possível a minha existencia, existindo tantos abismos de não existencia.
Como é que o meu ser emergiu do não ser?
Por tudo isto, meu indefenível anónimo, sinto orgulho de fazer parte da tua criação...eu...humanidade...

Sem ti não compreendo a existencia na plenitude da criação.

Wednesday, October 18, 2006

A minha busca...


Busco incansável algo belo que desconheço.
Fascina-me a ideia de ser o que não sou.
Deslumbro-me e imagino ter o que não tenho.
Imagino que sou outra… tão diferente de mim.
Não me revejo em nada do que sou, na realidade não sei porque sou assim.
Será querer fugir de mim? E então eu sofro tanto… é uma tortura tão grande, que só chegando o meu fim vou-me libertar de mim.
A culpa é só minha, pois procuro a perfeição.
Será que o "Eu" que eu busco é a busca da realização?
Ou será que essa busca, é simplesmente a minha auto-punição?